A superlotação e o início de um motim na delegacia de Plantão da Zona Sul a suspender por algumas horas o atendimento ao público. A partir das 23h30 de segunda-feira (19) às 9h das manhã de ontem, nenhum boletim de ocorrência ou termo circunstanciado (TCO) foram produzidos. "Não tivemos condições de conter os presos e atendermos a população", disse um agente que aceitou falar com a reportagem, desde que sua identidade fosse preservada. No início da manhã, as portas da DP foram fechadas a fim de que não houvessem tumultos externos por parte dos familiares que vão periodicamente deixar comida para os presos provisórios. O atendimento foi reiniciado por volta das 9h, após ser feita a recontagem dos presos e a troca de equipes de plantão ser finalizada. Nos últimos 10 dias, duas tentativas de fuga foram abortadas na DP Zona Sul. A informação foi confirmada pelo diretor de Polícia civil da Grande Natal, delegado Albérico Norberto, e ilustra a situação dos 65 presos que se aglomeram entre cela e solário. O princípio de motim da noite da última segunda-feira foi contido pelos 10 policiais civis que estavam de plantão no local. Como resultado da briga, alguns feridos e duas grades serradas. Um policial civil confirmou ontem que na recontagem dos presos, não foi possível encontrar o objeto usado pelos detentos para romper as grades. "A serra continua aí com eles", assegurou ele. Na madrugada de ontem, também chegou a informação de que a DP Zona Sul seria alvo de resgate de presos, o que aumentou a tensão dos agentes civis. "Você acha que nós temos condições de segurar 60 homens caso eles quebrem isso tudo. A realidade é que não temos. E se invadirem, também não temos muito o que fazer", admitiu outra fonte sinalizando para o perigo iminente com o qual ele e companheiros de ofício estão convivendo a cada plantão. "Eu faço um apelo para os policiais civis que estiverem de folga, pelo amor de Deus, venham nos ajudar", clamou ele.
OAB
Em visita às dependências da Plantão zona sul, o advogado Antônio Carlos de Oliveira, presidente da Comissão de Advogados Criminalistas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), avaliou ser inaceitável a manutenção de 65 presos em um espaço tão restrito e sem condições de acomodação. "É vergonhoso que a situação tenha chegado a esse ponto e nada seja feito", disparou. Em resposta à falta de uma definição quanto ao destino dos detidos naquele local, Oliveira revelou que em caráter de urgência pretende impetrar uma ação civil pública requerendo a interdição das plantões zonas Norte e Sul."Solicitamos o fechamento dos CDPs [Centros de Detenção Provisória] de Pirangi e Panatis e faz nove meses que esperamos uma decisão do governo e não há uma solução", destacou o representante da OAB. A Delegacia Geral de Polícia Civil (Degepol) informou por meio de nota que não há nenhuma decisão da cúpula da instituição que determine a paralisação das atividades na Plantão zona Sul, e que o atendimento será mantido.
Fonte: Tribuna do Norte.
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