"Bandido que dá tiro para matar tem que tomar tiro para morrer. Lamento, todavia, que tenha sido apenas um dos rapinantes enviado para o inferno. Fica aqui o conselho para Marcos Antônio: melhore sua mira..." O texto é do promotor Rogério Leão Zagallo, do 5º Tribunal do Júri de São Paulo. Foi escrito em uma manifestação na qual pediu, em março, o arquivamento do inquérito que investigava as circunstâncias em que o policial civil Marcos Antônio Teixeira Marins havia matado um homem que, ao lado de um comparsa, teria tentado roubar o carro que dirigia. Na versão do policial civil, a dupla tentou atirar nele, motivo pelo qual reagiu. "O agente matou um fauno que objetivava cometer assalto contra ele, agindo absolutamente dentro da lei", escreveu o promotor em sua manifestação, comparando o suspeito morto no episódio ao ser da mitologia romana meio homem meio animal. O promotor diz que o policial agiu em legítima defesa, portanto a morte do suspeito, "para fortuna da sociedade", não poderia ser julgada no Tribunal do Júri, que cuida de crimes contra a vida. As polêmicas observações feitas por Zagallo são alvo agora da Corregedoria do Ministério Público. O procurador-geral de Justiça do Estado, Fernando Grella Vieira, não quis comentar o caso. Outro trecho da manifestação diz respeito ao esforço da polícia em tentar encontrar o segundo suspeito, que conseguiu fugir. "Quase toda a Polícia Civil, os Jedis, os Powers Rangers, os Brasinhas do Espaço, a Swat (...), se irmanaram e realizaram uma operação somente vista em casos envolvendo nossos bravos policiais civis", escreveu o promotor. O pedido pelo arquivamento foi aceito pela Justiça.
Fonte: Folha de S.Paulo
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